Em primeiro lugar, ainda existem diversos preconceitos em relação ao cuidado com a saúde mental, tanto em mulheres quanto em homens. Um deles, talvez o principal, seja acreditar que quem precisa de psicoterapia é “louco” ou “fraco”.
Desafios na Busca por Cuidado Mental Masculino
Este preconceito reforça um estereótipo negativo com pessoas com transtornos mentais e não se aplica a realidade atual. A psicoterapia é um processo necessário para o tratamento de pessoas com diagnóstico de transtorno mental e pode ser fundamental mesmo para pessoas sem qualquer diagnóstico, auxiliando o desenvolvimento de diversas habilidades práticas e emocionais para promover uma boa qualidade de vida e uma boa relação consigo mesmo e com os outros.
Apesar de ser uma realidade que tem se modificado, os homens tendem a apresentar não só mais dificuldade em procurar cuidado com a saúde mental, mas com a saúde de maneira geral.
Uma pesquisa realizada por Gomes, Nascimento e Araújo (2007) investigou esta questão. Os participantes da pesquisa, todos do sexo masculino, responderam por quais motivos buscavam menos o serviço de saúde ou até mesmo colocavam menos em prática fatores de prevenção em saúde.
Masculinidade e Saúde: Uma Discussão Atual
O estudo trouxe uma discussão importante sobre o papel da masculinidade e do homem na sociedade. Apesar de ser uma visão em constante desconstrução, o fato de ser homem está associado à invulnerabilidade, força e virilidade, e isso faz com que estes evitem demonstrar qualquer sinal que possa remeter a fraqueza, medo, ansiedade e insegurança.
Visto que buscar serviços de saúde se relacionam com o cuidado de si e/ou com algum nível de sofrimento físico ou emocional, este seria um motivo que diminuiria essa busca.
Quebrando Barreiras: Cuidar da Saúde Mental é Essencial
Partindo deste pressuposto, muitos homens ainda se mostram resistentes quanto a cuidar de si e falar sobre os seus sentimentos. Diante da crença de que “homem precisa ser forte” e “homem não pode chorar”, muitos homens acabam sofrendo silenciosamente ao evitar buscar ajuda profissional.
Porém, este comportamento, apenas agrava o quadro emocional, gerando mais sofrimento. Seja no cuidado com a saúde física ou mental, a prevenção e o tratamento precoce são as melhores intervenções.
Dessa forma, cuidar da saúde mental não deixa um homem menos homem, não faz com que a pessoa seja fraca ou louca. Cuidar da saúde mental promove bem-estar, relacionamentos saudáveis, melhora a autoestima, auxilia no desenvolvimento pessoal e profissional, auxilia na organização e manejo do tempo.
Portanto, todos, independente do gênero, podem e devem buscar ajuda profissional de saúde quando necessário.
Referências:
de Sousa, A. R. (2020). Produzir cuidado à saúde de homens e suas masculinidades: uma prioridade. Revista de Divulgação Científica Sena Aires, 9(4), 681-684.
Gomes, R., Nascimento, E. F. D., & Araújo, F. C. D. (2007). Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cadernos de saúde pública, 23(3), 565-574.